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Starfield | Bethesda atira para as estrelas e acerta… quase lá

Versão de PC/Steam.

Data de lançamento: 6 de setembro de 2023.
Plataformas: Windows (10/11) e Xbox Series X|S.
Desenvolvedor: Bethesda Game Studios (primeiro motor Creation Engine 2).
Distribuidor: Bethesda Softworks.
Gênero: RPG de ação / ficção científica, mundo aberto, single-player.

Um RPG espacial ambicioso, cheio de brilho e uns bugs pra contar história.

PREMISSA/NARRATIVA

Starfield te joga direto no ano de 2330, uma era onde o impossível virou turismo: a humanidade agora coloniza planetas como quem troca de bairro, graças ao tal do Grav Drive, o motorzinho maroto que abriu as portas do cosmos. É nesse cenário galáctico que você se junta à Constellation, uma espécie de clube secreto de exploradores que, em vez de colecionar selos, sai caçando artefatos misteriosos com potencial de virar o universo de cabeça pra baixo.

A ambientação gira nos chamados Settled Systems, uma região a uns 50 anos-luz da Terra, povoada por tudo o que você esperaria de uma ópera espacial de respeito: desde os burocratas da United Colonies até cowboys futuristas do Freestar Collective, passando por cultistas esquisitos, robôs cheios de personalidade e piratas que claramente não fazem terapia.

A alma do jogo? Puro DNA Bethesda. Um RPG gigantesco cheio de escolhas morais, diálogos carregados e decisões que podem te transformar num herói interplanetário ou no vilão com a nave mais tunada do quadrante. A cada planeta novo, rola aquela sensação de “o que será que me espera aqui?”, seja uma relíquia ancestral ou um bicho bizarro com oito olhos e senso de humor duvidoso. No caso de 80%

A premissa pode até parecer direta ao ponto: monte seu personagem, customize sua nave, embarque no desconhecido. Mas o charme tá no improviso. Seja minerando num deserto alienígena ou batendo papo com um NPC que parece saído de uma convenção de Star Trek alternativa, o jogo convida você a ser protagonista da sua própria space opera, com ou sem plano de voo.

GAMEPLAY/JOGABILIDADE

É aqui que a ópera espacial começa a tocar, e, olha, tem de tudo nesse espetáculo. O combate mistura tiro em terceira pessoa (mas você pode mudar para primeira ou uma câmera intermediária) com rajadas de laser, granadas energéticas, pancadaria corpo a corpo e sessões flutuantes no estilo “perdi a gravidade, segura o chapéu!”. É frenético, mas com controle. O jogo oferece um arsenal bacana pra você montar suas armas, escolher perks insanos e gastar boas horas naquele grind terapêutico de coletar minério espacial até sua mochila chorar.

Sobre os planetas… sim, são centenas. Mas aí vem o truque: muitos foram gerados proceduralmente, o que soa bonito no papel, mas na prática é tipo buffet de paisagem, você começa empolgado e termina repetindo cenário achando que tá tendo déjà vu. Depois de 30 planícies e 12 desertos quase idênticos, o tédio bate de cantinho e você percebe que o “infinito” pode ser meio entediante quando vem sem tempero.

Sua nave é o seu lar, seu carro tunado e seu laboratório voador. Dá pra adicionar tripulação, mexer na engenharia, brincar de arquiteto de foguete… só que o sistema de construção é uma dor de cabeça à parte, posso descrever como “uma atrocidade digna de arrancar os cabelos com pinça”, o UI não é amigável. O combate e a variedade de perks, acabam brilhando, tá mais pra 9/10 em tiroteio e 2/10 em montar nave sem passar raiva.

Agora, o inventário. Meu amigo… é quase um minigame de logística. O espaço é curto, os itens entopem rapidinho e você vira basicamente um acumulador interestelar. Já o sistema de crafting é robusto e satisfatório, mas tentar carregar tudo o que você coleta é como ir fazer as compras do mês, mas sem cesto e muito menos carrinho, só usando as mãos. Prepare-se pra upar força ou aceitar que vai andar devagar até o fim dos tempos.

Se a campanha principal de Starfield é o prato principal intergaláctico, as missões secundárias são o verdadeiro banquete cósmico — e, em vários momentos, são até mais saborosas. A Bethesda faz aqui o que sabe fazer de melhor: te jogar num universo recheado de histórias paralelas que vão desde investigações criminais com vibe noir espacial, até cultos religiosos alienígenas que fariam qualquer seita terrestre parecer grupo de WhatsApp de condomínio.

As missões secundárias… É nessas missões que o jogo realmente respira. Você pode se infiltrar em facções como a Ryujin Industries, onde espionagem corporativa e decisões moralmente duvidosas te fazem repensar se o capitalismo interplanetário era mesmo uma boa ideia. Ou ainda se alistar em grupos militares como a UC Vanguard, onde o roteiro surpreende com temas de xenofobia, lealdade e guerra fria espacial. E, claro, tem os piratas. Sempre tem piratas. E você pode ser um deles — ou ferrar com todos, como bom sabotador galáctico.

As secundárias não só variam no tom e na estrutura, mas também oferecem escolhas significativas, com consequências reais e finais alternativos. Em certos momentos, o jogo praticamente esquece que tem uma main quest te esperando. E sinceramente? Às vezes é melhor assim. Enquanto a narrativa principal pode parecer morna e previsível, as tramas paralelas são ricas, bem escritas e cheias de surpresas. Algumas até lembram o melhor de The Elder Scrolls e Fallout — e isso é dizer muita coisa.

Claro que nem tudo brilha como uma supernova. Algumas missões secundárias caem no velho formato “vá ali, mate aquilo, volte”, com pouco impacto. Mas são minoria. O grosso da experiência alternativa aqui é forte, coeso e muito mais inspirado. Se você é o tipo de jogador que desvia do caminho principal só porque viu um NPC estranho num beco… parabéns, esse jogo vai te recompensar com horas de conteúdo de qualidade.

Ainda sim, há diversas missões secundárias que poderiam ter um desfecho muito melhor, mas faltou vontade, não sei, talvez preguiça… O fato é que, a experiência real de Starfield está nos tiroteios dignos de faroeste e com você ficando de fora da história principal.

DIREÇÃO DE ARTE/ASPECTOS TÉCNICOS

Visualmente, Starfield é aquele tipo de jogo que entra na festa de gala com terno bem passado, mas esquece o sapato. A direção de arte é sólida, nada realmente revolucionário, mas consistente dentro da proposta: cidades futuristas misturam brutalismo espacial com neon desgastado, interiores de naves e estações lembram um “NASA-punk” que parece saído direto de um documentário sci-fi dos anos 70. Tudo tem cara de usado, vivido, com aquela poeira cósmica que dá charme aos ambientes.

O problema é que o salto tecnológico prometido ficou preso no hiperespaço. Sim, o jogo é bonito em vários momentos, mas nada que você já não tenha visto melhor em outros títulos mais antigos, Cyberpunk 2077, por exemplo, ainda dá um baile nos visuais noturnos e nos reflexos. O sistema de iluminação em Starfield tenta, mas às vezes parece que alguém apagou a luz no meio do render. E o contraste entre planetas vazios e hubs lotados deixa a sensação de um universo lindo, mas com alma meio dispersa.

Tecnicamente, o jogo roda… bem o bastante. Mas como todo produto com selo Bethesda, vem com o “brinde”: bugs esquisitos, animações robóticas, NPCs que travam no meio da fala, ficam travados nos ambientes, expressões faciais que parecem ter sido programadas por um androide tímido. Mesmo com updates, ainda rola aquela sensação de que o Creation Engine 2 é basicamente o Creation Engine 1 com um corte de cabelo novo.

Por outro lado, as trilhas sonoras e o design sonoro são impecáveis. A música embala a exploração com um ar de mistério e grandiosidade, sem nunca parecer enjoativa. Os efeitos sonoros das armas, naves e ambientações vendem bem a fantasia de estar num mundo sci-fi. Se os olhos às vezes estranham, os ouvidos estão quase sempre bem servidos. É aquele caso clássico: visualmente não impressiona tanto, mas se destaca no som e na atmosfera.

CONCLUSÃO

Starfield é, no fim das contas, um colosso ambicioso que acerta na proposta, mas tropeça nos detalhes. Ele entrega uma experiência de exploração espacial recheada de possibilidades, sistemas complexos, e aquela sensação única de descobrir algo novo em um canto esquecido do universo. Porém, também carrega o peso de ser um jogo da Bethesda no melhor e no pior sentido: vasto, profundo, mas cheio de pequenos tropeços técnicos, menus com má vontade e uma interface que parece ter sido feita numa segunda-feira às 8h.

A direção de arte é funcional, mas não deslumbra. Os planetas são muitos, mas pouco memoráveis. E embora o combate e a progressão sejam pontos fortes, é impossível ignorar os bugs, os engasgos e a falta de polimento que impedem o jogo de alcançar o estrelato definitivo. Ainda assim, Starfield é uma baita aventura espacial com horas (ou semanas) de conteúdo pra quem estiver disposto a embarcar sem reclamar do assento desconfortável.

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Press Manager, criador de conteúdo e editor do Patobah | Pai, marido, pessoa com TEA | Gamer, fã de cultura pop e animes dos anos 90 - [email protected]

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