Assistido via Netflix
Inferno em La Palma (título original: “La Palma”), disponível na Netflix. Foi lançada em 12 de dezembro de 2024, a produção norueguesa conta com quatro episódios, cada um com duração entre aproximada de 50 minutos.
A série é inspirada na hipótese do tsunami de Cumbre Vieja e parcialmente baseada na erupção vulcânica de Cumbre Vieja em 2021. Embora fictícia, a produção utiliza eventos reais para construir sua narrativa dramática, inclusive a teoria em relação ao tsunami, embora já cogitada no passado, hoje é praticamente desconsiderada pela ciência.
Não estamos vendo os sinais da natureza?
PREMISSA
A trama segue uma família norueguesa de férias em La Palma, nas Ilhas Canárias, que sem saber, estão para enfrentar uma catástrofe com uma erupção vulcânica sem precedentes.
A SÉRIE NO MEU PONTO DE VISTA
(CHEIO DE SPOILERS)
A minissérie “Inferno em La Palma” é composta por apenas quatro episódios que passam voando! Seu ritmo é envolvente, com a introdução sendo um pouco mais lenta para apresentar todos os elementos que serão explorados ao longo da trama.
Devido à duração reduzida, os personagens não têm muito tempo de tela para serem aprofundados. Apesar de vermos dramas pessoais e conflitos que cercam o elenco principal, esses elementos não são trabalhados em profundidade. Em alguns momentos, essas questões são apenas mencionadas rapidamente, mas, conforme a trama avança, percebemos como esses detalhes influenciam diretamente ou indiretamente as escolhas e ações dos personagens.
A história apresenta uma família complexa: uma mãe dedicada que sempre colocou os filhos em primeiro lugar e tenta se redescobrir; um pai comprometido, mas perdido, inseguro sobre seu papel na relação; uma filha de 17 anos que assume responsabilidades excessivas pelo irmão mais novo, ignorando seus próprios sentimentos e desejos; e, por fim, o caçula, um garoto com transtorno do espectro autista, representado de forma sensível e mostrando algumas dificuldades que podem ocorrer.
Além da família, acompanhamos uma jovem cientista enfrentando descrédito devido à sua idade e experiência limitada. Há também um responsável pela segurança da ilha, que já alarmou os moradores no passado e teme repetir os impactos negativos causados na época, quando a economia local sofreu grandes perdas. A série apresenta escolhas difíceis, traumas do passado, dilemas éticos sendo ignorados e valores humanos exaltados. A trama combina ação, emoção, lava, tiros, amor e até mesmo mortes, entregando uma narrativa poderosa e bem executada.
Apesar da quantidade de eventos que acontecem nesses quatro episódios, a série consegue manter uma cronologia clara e cortes precisos. A narrativa é dinâmica e conduzida com agilidade, transportando o espectador para diferentes lugares em poucos minutos, o que mantém o público vidrado na tela.
Quando a história ganha um ritmo mais acelerado, a imersão é total. O espectador para de questionar e começa a aceitar que tudo está se encaminhando para o pior cenário possível. Mesmo sabendo que esses eventos dificilmente alcançariam tais proporções na vida real, a série consegue transmitir a sensação de algo quase documental.
Embora utilize alguns estudos reais, ela leva tudo ao extremo do ficcional. Ainda assim, há verdades inegáveis sobre os perigos de morar ou visitar áreas próximas a vulcões ativos, que servem como alerta.
Por fim, as tartarugas – em minha visão, as verdadeiras estrelas de “Inferno em La Palma” – simbolizam nossa desconexão com a natureza. Elas nos mostram, de forma clara, os sinais do que está para acontecer, mas, em algum momento, perdemos a habilidade de compreender e respeitar a sabedoria natural ou simplesmente estamos com tantos problemas na vida pessoal que ficamos cegos?
Temos diversos personagens que vivenciam algum tipo de “presságio”, direta ou indiretamente, mas todos eles estão envoltos aos seus problemas ou aos dos outros, e talvez por isso ignoram sinais óbvios da natureza. O que nos coloca para pensar; será também que não estamos ignorando sinais neste exato momento?
Hoje, nossas vidas são baseadas em números – inclusive o tempo – mas será que não deveria ser na observação? Quando foi a última vez que olhou para céu para ver além do céu limpo ou se está com “cara” de chuva? A última vez que observou o movimento das nuvens e a direção do vento? Quando foi a última vez que se conectou com nosso planeta?