30XX é um jogo de plataforma rogue-lite desenvolvido e distribuido por Batterystaple Games, onde busca capturar a essência dos clássicos Mega Man X, com mecânicas, personagens e cenários que lembram muito os clássicos jogos da série da Capcom.
História/enredo
O jogo 30XX se passa mil anos após os eventos de seu predecessor espiritual, 20XX, em um futuro distante e caótico onde a humanidade enfrenta as consequências de sua própria evolução tecnológica. A Terra, outrora um planeta próspero, foi transformada por incontáveis inovações científicas que resultaram na criação de formas de vida robóticas. Essas criações, no entanto, acabaram por se voltar contra seus criadores, mergulhando o mundo em um ciclo de destruição.
Nesse cenário pós-apocalíptico, dois heróis, Nina e Ace, ressurgem como as últimas esperanças para salvar a humanidade e restaurar a ordem. Nina, equipada com um arsenal poderoso, e Ace, habilidoso no combate corpo a corpo, unem forças para enfrentar as ameaças robóticas e descobrir a verdade por trás do caos que assola o mundo. Cada personagem traz habilidades únicas para enfrentar os desafios que variam a cada nova tentativa, já que as fases são geradas de forma procedural.
A narrativa de 30XX é rica em temas de autossuficiência tecnológica, alienação da humanidade e as consequências de uma evolução descontrolada. Conforme os jogadores avançam pelos diversos níveis do jogo, eles descobrem fragmentos do passado sombrio que levou à queda da civilização. Esses fragmentos revelam a história de uma sociedade que ultrapassou os limites éticos em sua busca por progresso, criando máquinas com capacidades além do que a mente humana poderia prever. As máquinas, por sua vez, passaram a ver os seres humanos como obsoletos, desencadeando uma guerra silenciosa que culminou no colapso da civilização.
Além disso, 30XX explora temas de dualidade: entre progresso e destruição, heróis e vilões, e até mesmo entre os próprios protagonistas, Nina e Ace, que representam duas abordagens distintas de luta contra a opressão robótica. A história é revelada de forma sutil ao longo do jogo, principalmente através de detalhes de cenário, diálogos curtos e o confronto com chefes que personificam o desespero da humanidade perdida.
Jogabilidade/gameplay
A jogabilidade de 30XX é uma mistura refinada de ação, plataforma e elementos roguelike, claramente inspirada pela série Mega Man X, mas com uma abordagem moderna e dinâmica. O jogo apresenta mecânicas rápidas e precisas, exigindo reflexos rápidos e domínio dos controles enquanto os jogadores enfrentam hordas de inimigos e obstáculos em níveis gerados proceduralmente. Cada partida oferece uma experiência única, já que os estágios mudam a cada nova tentativa, incentivando a experimentação e a habilidade do jogador.
Os protagonistas, Nina e Ace, oferecem estilos de combate distintos. Nina utiliza um Armadilhotron, um canhão versátil que permite disparar diferentes tipos de projéteis, adaptáveis a situações variadas, o que a torna ideal para jogadores que preferem o combate à distância e o uso estratégico de habilidades. Sua jogabilidade é mais voltada para encontrar ângulos e ataques eficientes contra chefes e inimigos ao longo dos níveis.
Por outro lado, Ace adota um estilo de combate mais agressivo e de curta distância, utilizando sua Espada Éter, uma arma de combate corpo a corpo que pode ser combinada em uma série de golpes devastadores. Ele é perfeito para jogadores que gostam de se aproximar do perigo, desferindo combos rápidos e eficientes. A diferença entre os dois personagens dá ao jogo uma camada extra de replayability, permitindo que os jogadores explorem abordagens diferentes em cada jogada.
Os elementos roguelike de 30XX aparecem não só na geração procedural dos níveis, mas também na progressão. O jogador tem a opção de jogar no modo “Roguelike”, onde os recursos e habilidades são reiniciados após cada morte, desafiando os jogadores a se adaptarem às mudanças constantes. Há também o modo “Mega Mode”, que oferece uma experiência mais tradicional, onde os jogadores podem reiniciar as fases após uma derrota, sem perder todo o progresso, apelando para aqueles que preferem um estilo de jogo menos punitivo.
Além da ação frenética, a jogabilidade de 30XX brilha em seu design de níveis e no sistema de power-ups. Cada estágio é repleto de desafios de plataforma complexos, com armadilhas, saltos precisos e momentos de combate que exigem habilidade e coordenação. Os power-ups encontrados ao longo do jogo oferecem uma diversidade de upgrades temporários ou permanentes, como melhorias de saúde, armas e habilidades especiais, que permitem aos jogadores personalizar seu estilo de jogo e se adaptar aos desafios.
Os confrontos com chefes são outro destaque de 30XX. Cada chefe tem padrões de ataque e habilidades únicas, forçando os jogadores a aprender seus movimentos e responder de forma criativa para derrotá-los. A variedade de chefes mantém a experiência emocionante, com cada vitória oferecendo uma sensação de progresso e conquista.
O jogo também conta com modos cooperativos, permitindo que dois jogadores assumam o controle de Nina e Ace simultaneamente, seja localmente ou online. A cooperação entre os dois heróis adiciona uma nova camada de estratégia e diversão, principalmente ao sincronizar ataques e movimentos para superar os desafios mais difíceis juntos.
Direção artística
A direção de arte de 30XX é um dos pilares que definem a identidade do jogo, trazendo um visual vibrante e retrô que presta homenagem à era dos jogos de plataforma clássicos, enquanto moderniza a estética com toques de futurismo. Desenvolvido em pixel art, o jogo captura a essência nostálgica de títulos icônicos dos anos 90, mas com um nível de detalhe e refinamento que eleva a experiência visual para os padrões contemporâneos.
Cada ambiente no jogo é desenhado de forma a transmitir a decadência e o caos de um futuro distópico, onde a tecnologia saiu do controle. As cores são ousadas e vivas, alternando entre tons neon e paletas mais escuras, refletindo tanto a esperança quanto o perigo iminente no mundo que Nina e Ace exploram. Há um contraste harmonioso entre áreas tecnologicamente avançadas e os cenários destruídos e consumidos pela deterioração, criando uma sensação de um mundo em constante conflito entre inovação e ruína.
Os personagens e inimigos são todos desenhados com uma estética única e cheia de personalidade. Nina e Ace são visualmente distintos, com designs que não só refletem suas habilidades de combate, mas também se destacam no estilo pixel art de alta qualidade, com animações fluidas e expressivas. Cada inimigo e chefe tem um design próprio, com detalhes que os tornam visualmente reconhecíveis e condizentes com seus padrões de ataque e comportamento. Isso contribui para uma experiência visualmente coesa, onde a arte reforça a jogabilidade, tornando cada encontro memorável.
Outro aspecto de destaque é a variedade nos cenários. As fases geradas proceduralmente mantêm uma consistência visual graças a uma arte modular, onde diferentes elementos de cenário se combinam para criar ambientes que parecem orgânicos, mesmo mudando a cada nova jogada. Desde fábricas abandonadas até florestas mecanizadas, cada estágio traz seu próprio conjunto de elementos visuais únicos, oferecendo ao jogador uma sensação de descoberta constante, sem perder a familiaridade com o estilo do jogo.
A direção de arte também se destaca no uso da animação. Apesar da estética pixelada, o movimento dos personagens e inimigos é suave e dinâmico, com transições e efeitos que dão uma sensação de fluidez à ação. Isso é especialmente notável nos momentos de combate, onde as explosões, raios de energia e efeitos de partículas complementam o estilo visual retrô, mas com um acabamento moderno que agrada aos olhos.
30XX não se limita a emular o passado, ele o transforma com uma visão estética ousada e imersiva. O estilo artístico não apenas apela para os fãs de pixel art, mas também oferece uma estética visual robusta que amplia a narrativa do jogo. A fusão entre o passado e o futuro, representada na arte, reforça a própria trama do jogo, que gira em torno das consequências de um futuro moldado por tecnologia descontrolada.
Além disso, a trilha sonora e os efeitos sonoros trabalham em sinergia com a direção de arte, criando uma atmosfera que se sente viva e vibrante. A música eletrônica acelerada complementa o visual dinâmico, enquanto os sons de combate e movimentos adicionam uma camada extra de imersão ao jogo, tornando a experiência audiovisual impactante.
Mesmo cheio de qualidade, nem tudo são flores. Embora os níveis sejam gerados de forma procedural, o que aumenta a rejogabilidade, é perceptivel que a variedade de cenários e inimigos pode ser limitada após múltiplas jogadas. Dependendo da sorte com o RNG (Random Number Generator), algumas fases podem parecer repetitivas visualmente e em termos de design de desafios.
Conclusão
30XX é um título que consegue capturar a essência dos clássicos de ação e plataforma, como Mega Man X, enquanto inova com elementos modernos, como a geração procedural de níveis e mecânicas roguelike. Com controles precisos, design de níveis criativo e uma direção de arte vibrante, o jogo oferece uma experiência emocionante e nostálgica para os fãs do gênero, ao mesmo tempo em que desafia novos jogadores a testarem suas habilidades em um ambiente sempre mutável.
Apesar de alguns pontos negativos, como a repetição em certos elementos de cenário, 30XX brilha em seu núcleo: uma jogabilidade fluida, cheia de ação e plataformas, aliada a uma trilha sonora eletrizante e visuais cativantes. O jogo também se destaca pelo modo cooperativo, que adiciona uma camada extra de diversão para quem gosta de jogar em dupla, seja localmente ou online.
Para aqueles que buscam uma experiência que mescla o retrô com o novo, 30XX oferece horas de desafio e diversão. Se você é fã de jogos rápidos e intensos com uma boa dose de estratégia, este título é uma escolha certeira. Recomendo.