Chave recebida via Tinsley PR.

Atomfall é desenvolvido pela Rebellion Developments, o mesmo estúdio responsável por títulos como Sniper Elite e Zombie Army, Atomfall é um jogo de ação e sobrevivência ambientado em uma Grã-Bretanha pós-apocalíptica. Lançado em 27 de março de 2025 para PlayStation 4, PlayStation 5, Windows (Disponível via PC Game Pass), Xbox One e Xbox Series X/S (Disponível via Xbox Game Pass).
“Uma jornada densa, autoral e memorável”
PREMISSA/NARRATIVA
Atomfall mergulha os jogadores em uma versão alternativa e inquietante da Grã-Bretanha dos anos 1950, poucos anos após o real desastre nuclear de Windscale. Nesse universo fictício, o acidente teve consequências ainda mais graves, transformando parte do país em uma zona de quarentena isolada, dominada por uma névoa radioativa, segredos militares e fenômenos inexplicáveis.
Na pele de um personagem sem nome e sem passado claro, o jogador acorda dentro dessa área restrita, cercado por cultos estranhos, milícias autoritárias, criaturas deformadas pela radiação e cientistas com intenções duvidosas. A missão? Sobreviver, explorar e, principalmente, descobrir a verdade por trás dos eventos que transformaram essa terra em um pesadelo vivo.
Atomfall possui um modo história completo, com forte foco narrativo. A trama é contada de forma orgânica, por meio de documentos encontrados, interações com personagens excêntricos e escolhas que impactam o desenrolar dos acontecimentos. Apesar de ser um jogo de sobrevivência e ação, a narrativa ocupa lugar central, sempre empurrando o jogador a seguir em frente — não apenas para se manter vivo, mas para entender o que, de fato, aconteceu ali.
O que torna a premissa de Atomfall especialmente atraente é sua mistura de ficção científica, paranoia da Guerra Fria, crítica social e mistério conspiratório, tudo envolto em um clima típico de séries britânicas sombrias. É uma experiência que vai além da ação: é uma investigação existencial num mundo onde a realidade foi corroída pelo medo e pela radiação. Em quem confiar?
GAMEPLAY/JOGABILIDADE
A jogabilidade de Atomfall combina elementos clássicos de exploração em mundo aberto com mecânicas de sobrevivência e combate tático em primeira pessoa. O jogo coloca o jogador em uma vasta zona de exclusão radioativa, onde cada passo exige atenção: seja pela escassez de recursos, pela ameaça de inimigos ocultos ou pelos próprios efeitos da radiação que dominam certas áreas.
O ritmo é cadenciado. Atomfall não é um jogo de ação frenética, mas sim de tensão crescente. Você explora vilarejos abandonados, instalações científicas, florestas sombrias e ruínas industriais, coletando suprimentos, resolvendo pequenos quebra-cabeças ambientais e interagindo com personagens que possuem suas próprias agendas — nem sempre confiáveis.
O sistema de combate é funcional, porém intencionalmente simples. Há armas de fogo, corpo a corpo e ferramentas improvisadas, mas o foco está mais na sobrevivência do que no domínio técnico dos confrontos. Isso favorece jogadores que preferem abordagens furtivas ou diplomáticas, já que muitas situações podem ser resolvidas sem recorrer à violência direta.
Entre os aspectos positivos da jogabilidade, destacam-se:
- Liberdade de abordagem: o jogador pode seguir diferentes rotas, alinhar-se com facções específicas ou agir por conta própria;
- Interações narrativas ricas: diálogos e escolhas moldam pequenos eventos e o desfecho da campanha;
- Sistema de crafting e gerenciamento de recursos: necessário para fabricar itens, melhorar armas e sobreviver em ambientes hostis.
Durante a experiência, é possível notar alguns problemas técnicos como colisões estranhas, inteligência artificial inconsistente e um sistema de inventário que poderia ser mais facilitado. Em momentos pontuais, a movimentação do personagem também pode parecer rígida, especialmente em espaços fechados.
Apesar desses pequenos deslizes, a jogabilidade de Atomfall consegue sustentar a proposta do jogo com competência. Ela não tenta reinventar o gênero, mas constrói uma experiência sólida, sustentada por sua ambientação única e por uma sensação constante de desconforto e urgência. É um jogo que recompensa os curiosos e os cautelosos — e desafia os impacientes.
DIREÇÃO DE ARTE/ASPECTOS TÉCNICOS
A direção de arte de Atomfall é, sem dúvida, um dos pilares mais fortes da experiência. O jogo acerta ao construir uma Grã-Bretanha alternativa tomada por um ar de ruína, paranoia e abandono, em que o passado glorioso parece sufocado sob poeira radioativa, cartazes de propaganda distorcida e o silêncio incômodo de vilarejos fantasmas.
Visualmente, o título aposta em uma paleta opaca, com tons esverdeados e terrosos que reforçam a atmosfera contaminada e decadente da zona de quarentena. A névoa constante, as partículas suspensas no ar e os efeitos de iluminação natural reforçam a sensação de isolamento e desconforto. Cada canto do mapa parece contar uma história não dita — desde uma casa abandonada com móveis cobertos de mofo, até bases militares com sinais de evacuação abrupta e objetos largados às pressas.
Os personagens, mesmo que estilizados, possuem traços únicos que os distinguem bem entre aliados, civis e figuras suspeitas. Os cultistas, por exemplo, têm roupas e adereços que os tornam imediatamente reconhecíveis, o que contribui tanto para a ambientação quanto para a leitura rápida em situações de perigo.
Do ponto de vista técnico, Atomfall se mostrou muito estável durante toda a minha jornada.
A trilha sonora é discreta, mas eficaz — composta por temas tensos e atmosféricos que surgem nos momentos certos, contribuindo para o clima de incerteza e paranoia. Os efeitos sonoros são bem trabalhados, com destaque para os ruídos ambientais, como o chiado dos detectores de radiação, passos na lama ou o sons distantes.






CONCLUSÃO
Atomfall é uma experiência atmosférica que mistura exploração, sobrevivência e narrativa em um mundo alternativo pós-nuclear cheio de tensão e mistério. Sua maior força está na direção de arte e ambientação, que criam um cenário imersivo e sombrio. A jogabilidade é competente, oferecendo liberdade e escolhas, mas apresenta limitações em combate e polimento técnico. Apesar disso, o jogo se destaca pela proposta única e envolvente, sendo ideal para quem busca algo fora do convencional.
