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Autismo e hiperfoco: Entendendo a fascinação por games e telas em geral

Olá gamers! Aqui é RamosBueno e vou falar um pouco sobre uma questão pessoal, mas que afeta muita gente, mas muita gente mesmo. Para quem não sabe, sou uma pessoa com TEA e também com hiperfoco em telas, e vou falar um pouco sobre essas duas questões.

Vem comigo.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como uma pessoa se comunica, interage socialmente e processa o mundo ao seu redor. Cada indivíduo autista é único, e por isso o espectro é amplo com diferentes graus de intensidade e características específicas. Uma das manifestações mais comuns dentro desse espectro é o hiperfoco, especialmente voltado para telas como celulares, computadores, jogos e televisão.

Atualmente sou uma pessoa com TEA nível 1 de suporte, mas já fui nível 2. O nível é estipulado no quanto essa pessoa precisa de ajuda em relação a diversas questões na sua vida cotidiana.

Neste artigo, vou falar o que é o autismo, o que significa ter hiperfoco, por que ele costuma se manifestar em dispositivos eletrônicos e o que isso representa para as pessoas autistas e suas famílias.

(Em resumo) O que é o autismo?

O autismo não é uma doença, mas sim uma condição neurológica que acompanha o indivíduo por toda a vida. Ele se caracteriza principalmente por:

  • Dificuldades na comunicação social (verbal e não verbal);
    (Se eu não conheço a pessoa pela internet antes, eu não sei o que falar com ela)
  • Comportamentos repetitivos ou rotineiros;
    (Gosto de ver os mesmos filmes, animes e jogos que me trazem conforto)
  • Interesses intensos por temas específicos;
    (Jogos e cultura pop)
  • Sensibilidade a estímulos sensoriais (sons, luzes, texturas, etc.);
    (Muitas luzes, muitas pessoas e sons como aspirador de pó, turbinas, ventiladores me deixam nervoso e cansado)
  • Necessidade de previsibilidade e organização.
    (Quando algo que não foi combinado surge, eu congelo)

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100 crianças no mundo está no espectro autista, embora números mais recentes de estudos regionais apontem que esse número pode ser ainda maior, especialmente com o aumento dos diagnósticos em adultos.

O que é o hiperfoco?

O hiperfoco é um estado de atenção profunda e intensa em uma atividade, tema ou objeto. Embora também esteja presente em pessoas neurotípicas e em outros transtornos, como o TDAH, no autismo ele tem características específicas:

  • A atividade focada geralmente traz conforto ou alívio emocional;
  • Pode durar horas ou dias, sem perda de interesse;
  • Costuma ser altamente produtiva ou absorvente para quem está nesse estado.

O hiperfoco não é um sintoma negativo por si só. Na verdade, muitos autistas desenvolvem habilidades excepcionais por causa dessa concentração direcionada. No entanto, ele pode se tornar um desafio quando interfere em outras áreas da vida como a socialização, alimentação ou autocuidado.

Por que telas são um hiperfoco tão comum em autistas?

O uso intenso de telas é um dos hiperfocos mais comuns entre pessoas com autismo. Mas por que isso acontece?

1. Previsibilidade e controle

Jogos, vídeos ou aplicativos oferecem ambientes controlados e previsíveis, o que é extremamente reconfortante para muitos autistas. Ao contrário da vida real, onde interações sociais são imprevisíveis, o universo digital segue padrões e respostas claras.

2. Alívio sensorial

Para pessoas com sensibilidade a estímulos físicos (como barulho de ambientes ou toque), o uso de telas oferece um canal de fuga sensorial. O indivíduo escolhe o que ouvir, ver ou sentir — algo que proporciona alívio e segurança.

3. Estímulo cognitivo alinhado com o interesse

Séries, jogos e vídeos permitem que o autista explore assuntos de interesse profundo, com repetições, informações detalhadas e progressões lógicas. Isso alimenta o hiperfoco de forma positiva.

4. Facilidade de comunicação

Apps e jogos permitem uma interação mediada, onde não há a pressão do olho no olho ou da linguagem corporal. Para muitos autistas, essa é uma forma mais confortável de interagir com o mundo.


Telas: Vilãs ou aliadas?

Embora o uso de telas em excesso possa gerar preocupações como isolamento social, sedentarismo ou dependência, é importante lembrar que, para muitos autistas, elas não são apenas distração, mas sim uma ponte de conexão com o mundo.

Pesquisadores e terapeutas recomendam:

  • Estabelecer limites saudáveis, sem impor proibições abruptas;
  • Canalizar o interesse para áreas produtivas, como jogos educativos ou vídeos que estimulem a comunicação;
  • Respeitar o tempo do autista, entendendo que o hiperfoco pode ser uma válvula de escape emocional.

Entender o autismo é fundamental para promover uma sociedade mais inclusiva e empática. O hiperfoco em telas, longe de ser um sinal de problema isolado, pode ser uma ferramenta valiosa na rotina de uma pessoa autista desde que acompanhado com atenção e equilíbrio. Mais do que limitar, o ideal é compreender, acolher e direcionar.

Obrigado a você que leu até aqui, você aprendeu mais sobre o autismo, sobre mim e sobre milhões de pessoas pelo mundo.

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Press Manager, criador de conteúdo e editor do Patobah | Pai, marido, pessoa com TEA | Gamer, fã de cultura pop e animes dos anos 90 - [email protected]

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