No vasto universo da franquia Resident Evil, diversos personagens surgiram e desapareceram conforme o apocalipse zumbi se espalhava por cidades, países e mentes dos jogadores. Porém, poucos tiveram um papel tão simbólico e, ao mesmo tempo, tão negligenciado quanto Alyssa Ashcroft. Uma jornalista em busca da verdade, envolvida diretamente nos bastidores do maior encobrimento biológico da história da Capcom, Alyssa representa o olhar da imprensa em meio ao caos, mesmo quando a narrativa parecia ignorar o poder da informação.
Em 1993, Alyssa acompanhou Kurt na investigação de testes ilegais da Umbrella nas montanhas Arklay. Kurt foi picado e morto por um mutante; Alyssa teve memórias apagadas por Greg Mueller, pesquisador da Umbrella.
Ela expôs reformas pagas pela Umbrella na universidade local e investigou casos de descarte químico no Aimes River.
Alyssa Ashcroft surgiu como figura central em Resident Evil Outbreak e Outbreak File #2, tomando o lugar da jornalista investigativa que viu de perto os horrores biológicos da Umbrella. Sua história atravessa jogos, referências posteriores e culmina na morte misteriosa no Wrenwood Hotel, um fato crucial para a trama de Resident Evil Requiem.
A primeira aparição: Resident Evil Outbreak
Alyssa Ashcroft fez sua estreia no jogo Resident Evil Outbreak, lançado originalmente para o PlayStation 2 em 2003 no Japão e em 2004 no ocidente. O título, diferente dos jogos principais da franquia, focava em um grupo de oito civis tentando sobreviver ao surto viral em Raccoon City. Entre os personagens jogáveis, Alyssa se destacou como uma jornalista independente, persistente e sagaz, equipada com um kit de lockpicking (abridor de fechaduras), o que refletia sua natureza de fuçadora nata.
Sua personalidade era moldada por traços realistas: determinada, cínica, crítica e com forte senso de independência. Alyssa não era uma combatente treinada como Jill Valentine ou Leon Kennedy, mas sim uma civil que usava a inteligência e o instinto jornalístico para sobreviver e reunir pistas do que estava por trás do desastre.
Resident Evil Outbreak File #2: aprofundando o papel de Alyssa
Na sequência do primeiro jogo, Resident Evil Outbreak File #2, lançada em 2004, Alyssa retorna com seu mesmo espírito investigativo. Aqui, no entanto, os cenários são mais focados nos estágios finais da destruição da cidade, e o desenvolvimento dos personagens foi um pouco mais robusto, mesmo que ainda limitado pelas ferramentas da época.
Neste título, Alyssa pode acessar áreas exclusivas usando seu talento de destrancar portas, além de protagonizar linhas de diálogo que revelam mais sobre seu passado e ética profissional. Em especial, é mencionado que ela já havia tentado publicar matérias contra a Umbrella antes, mas foi censurada por seus superiores — outro forte indício da corrupção institucionalizada em Raccoon City.
Biografia oficial e motivações

De acordo com os arquivos oficiais de Resident Evil Outbreak, Alyssa nasceu em 1971, o que a colocava com cerca de 27 ou 28 anos durante os eventos em Raccoon City. Jornalista do Raccoon Press, o principal jornal local da cidade, ela já vinha investigando a Umbrella Corporation antes mesmo do incidente com o T-Virus. Esse detalhe é fundamental para entender sua motivação: Alyssa estava convencida de que a Umbrella estava envolvida em experimentos ilegais, e o surto foi sua oportunidade definitiva de provar isso ao mundo.
Durante o enredo de Outbreak, Alyssa participa de diversos cenários nos quais coleta documentos, investiga instalações abandonadas e escapa de criaturas horrendas ao lado de outros sobreviventes. Em determinados momentos, seu background como jornalista é posto à prova, como na missão em que invade uma instalação da Umbrella sob forte risco biológico, ou ao confrontar fatos que antes pareciam apenas teorias conspiratórias.
Participações e menções fora dos jogos principais
Alyssa também apareceu em outras mídias relacionadas à franquia. Ela foi mencionada em materiais promocionais da Capcom, incluindo livros como Resident Evil Archives, que a tratam como uma sobrevivente e jornalista ativa pós-Raccoon City. Além disso, especulam que certas matérias fictícias publicadas nos sites da Capcom em ARGs (jogos de realidade alternativa) tenham sido escritas sob o pseudônimo de Alyssa, mas nada disso é oficialmente confirmado.
Outro dado curioso é sua breve aparição no mangá Biohazard: The Stories Untold, publicado apenas no Japão. Nesse material, Alyssa surge como uma narradora dos eventos, sugerindo que ela teria se tornado uma autora ou repórter renomada após os horrores que viveu.
Sobrevivência ou morte? O enigma enfim resolvido
A maior dúvida que paira sobre Alyssa Ashcroft não é sua coragem ou papel no incidente, mas sim seu destino final. Oficialmente, Resident Evil Outbreak e sua continuação nunca foram considerados parte integral do cânone principal da série. Contudo, diversos documentos e referências posteriores mantiveram os personagens vivos na mitologia da franquia.
No final verdadeiro de Outbreak, Alyssa sobrevive à destruição de Raccoon City e consegue sair da cidade antes do bombardeio final. Um epílogo disponível no jogo revela que ela escreveu uma matéria expondo os horrores da Umbrella e, com isso, recebeu reconhecimento e passou a ser uma figura de destaque na imprensa mundial.
Entretanto, após esse breve momento de glória, Alyssa desapareceu completamente da franquia. Não há menções diretas a ela nos títulos principais, como Resident Evil 4, 5 ou 6. O que existem são referências indiretas e easter eggs. Um exemplo é no jogo Resident Evil: The Umbrella Chronicles, onde arquivos sobre os eventos de Raccoon City citam reportagens investigativas, embora sem nomeá-la diretamente.
Então, quando tudo parecia levar aos esquecimento da personagem, surge um artigo em Resident Evil 7.
No início de Resident Evil 7, o jogador pode encontrar um jornal chamado “Newspaper Article – June 18, 2016”. A manchete é:
“Ghost Sighted in Dulvey”
A assinatura do artigo é:
Alyssa Ashcroft, The Daily Courier
Esse artigo relata avistamentos sobrenaturais na propriedade da família Baker, no interior de Dulvey, Louisiana — exatamente o local central da trama do jogo. Apesar do tom sensacionalista, o texto contribui para construir a atmosfera de mistério em torno da fazenda dos Baker e também serve como easter egg, ligando os acontecimentos de RE7 ao universo mais amplo de Resident Evil.
Resident Evil 9 Requiem
Alyssa está morta, ela foi assassinada enquanto investigava o Wrenwood Hotel. Segundo o enredo de Resident Evil Requiem, vivido por Grace — sua filha — o local esconde segredos sobre o passado da mãe. A placa no trailer do SGF campeia que ela morreu oito anos antes da trama principal do game. Sabemos que ela morreu oito anos antes da trama principal de Requiem.