Em um comunicado recente, a Microsoft confirmou oficialmente o aumento global nos preços de seus consoles e acessórios da linha Xbox. Mas o anúncio que mais gerou reação entre jogadores e analistas de mercado foi outro: os jogos produzidos pelos estúdios internos da empresa também terão reajuste a partir do final de 2025.
Embora o valor exato não tenha sido oficialmente confirmado pela Microsoft, veículos como IGN e Insider-Gaming indicam que a nova faixa de preço para lançamentos first-party será de US$ 79,99. Trata-se de uma projeção ainda especulativa, mas baseada em tendências concretas — e que, se confirmada, representará uma mudança significativa na precificação da indústria.
Preço proibitivo e impacto direto nos jogadores
Mesmo sem o valor final cravado, a confirmação do aumento já é motivo de alerta. Em mercados como o brasileiro, onde o dólar é fortemente valorizado e a carga tributária sobre produtos eletrônicos é altíssima, um jogo de US$ 80 pode facilmente ultrapassar os R$ 500. Para a grande maioria dos jogadores, esse valor representa uma barreira intransponível, especialmente quando somado ao custo dos consoles e da própria assinatura do Game Pass.
O resultado direto disso é a elitização do acesso aos jogos: mais do que nunca, jogar no lançamento pode se tornar um privilégio financeiro, e não uma escolha de lazer.
POSSÍVEIS NOVOS PREÇOS

A indústria aposta alto — e cobra ainda mais caro
A justificativa da Microsoft é conhecida: os custos de desenvolvimento aumentaram, e as produções AAA exigem investimentos cada vez maiores. É verdade — mas também é verdade que há uma escalada deliberada de gastos impulsionada por decisões estratégicas arriscadas.
Jogos com escopos inchados, ciclos de produção que duram seis ou sete anos, e equipes com centenas de profissionais são caros — e, frequentemente, insustentáveis. A indústria escolheu esse caminho, e agora tenta transferir o custo para o consumidor. É uma lógica perversa: em vez de repensar modelos de produção, se opta por subir o preço-base como se isso fosse resolver o problema.
Pior: isso pressiona os próprios estúdios, que precisam gerar “hits” de centenas de milhões de dólares em vendas, sob pena de fecharem as portas. Inovação e risco criativo, nesses cenários, se tornam raridade.
O aumento é só sobre custos? Ou uma cortina de fumaça?
Um ponto ainda mais sensível permeia os bastidores dessa mudança: o Game Pass é realmente lucrativo para a Microsoft?
Até o momento, a empresa evita divulgar informações detalhadas sobre os lucros reais do serviço. Sabemos que o Game Pass conquistou uma base fiel e se tornou central na estratégia da marca. No entanto, manter um catálogo robusto com jogos AAA lançados no Day One exige investimentos altíssimos — e não está claro se a adesão atual ao serviço cobre esses custos.
Há quem veja nesse aumento de preços uma manobra para compensar prejuízos silenciosos, disfarçada sob o discurso de valorização do conteúdo. Ou, pior: como uma forma de tornar o Game Pass ainda mais atraente em relação ao preço dos jogos avulsos, forçando o consumidor a escolher a assinatura como única alternativa viável.
Para onde caminha o mercado?
O aumento nos preços dos jogos não é um caso isolado — é parte de um padrão que se repete em várias frentes da indústria de games. O perigo está em aceitar essa lógica sem questionar. A normalização de jogos a US$ 80 pode abrir precedentes para novos aumentos, mais edições “deluxe” esvaziadas e mais microtransações disfarçadas de conteúdo extra.
O que está em jogo é mais do que o valor de capa de um título: é a acessibilidade de uma mídia que já foi democrática. O futuro dos games pode estar mais bonito, mais realista — e cada vez mais caro.