O custo do fotoralismo é um jogo cheio de contemplação e vazio de gameplay
Vivemos uma era em que os games impressionam visualmente como nunca antes. Cenários deslumbrantes, texturas realistas, efeitos de luz que beiram o cinematográfico. Mas… e o jogo? Onde está a diversão? A verdade é que muitos títulos atuais estão mais preocupados com a perfeição gráfica do que com a essência do que torna um game memorável: a jogabilidade.
Ryse: Son of Rome – um exemplo precoce do caminho perigoso
Lançado em 2013 junto com o Xbox One, Ryse: Son of Rome foi uma vitrine tecnológica para a nova geração. Visualmente, era impressionante: armaduras reluzentes, cenários romanos de tirar o fôlego e animações fluidas. Porém, bastavam poucos minutos de gameplay para perceber que o jogo era… raso. Sua jogabilidade se resumia a uma sequência repetitiva de combates coreografados, com pouca profundidade e quase nenhuma inovação mecânica.
Foi bonito, mas não durou. O jogo rapidamente caiu no esquecimento — não por seus gráficos, mas por faltar substância.




Batman: Arkham Knight – beleza com propósito
Também lançado em 2015, Batman: Arkham Knight mostrou que é possível sim unir gráficos de ponta com gameplay de verdade. O mundo aberto de Gotham não era apenas bonito — era vivo, interativo e recheado de possibilidades. O combate seguia refinado, o enredo envolvente, e a variedade de missões mantinha o jogador engajado por horas.
Arkham Knight não foi apenas um jogo bonito. Foi um jogo com alma.





A geração do fotorrealismo vazio
Avançamos quase uma década desde então. Os jogos estão mais realistas, os personagens têm poros visíveis, gotas de chuva reagem ao tecido da roupa… Mas e a diversão? Cada vez mais títulos AAA seguem o caminho de gráficos ultrarrealistas, mas pecam por entregar experiências mornas, repetitivas ou cheias de cutscenes com pouca interação. Hellblade 2 é um dos melhores exemplos atuais, em termos de gráficos e narrativa o jogo é excelente, porém o custo de tanto realismo é a gameplay mais contemplativa, com pouca ação e muita conversa.




E o pior: esses jogos custam caro. Muito caro. Pagar R$ 350 ou mais por uma experiência de 8 horas com pouca liberdade e interatividade virou rotina. Muitas vezes, estamos comprando uma “tech demo glorificada”, com mais tempo assistindo do que jogando.
Gameplay ainda é rei
Quando olhamos para o sucesso de jogos como Hades, Stardew Valley ou Tunic, vemos que a resposta do público é clara: jogos bons não precisam ser hiperrealistas. Precisam ser divertidos, envolventes, desafiadores ou simplesmente cativantes.
Não é nostalgia. É constatação: a essência do game está no controle do jogador, não no brilho da tela.



Conclusão: o que queremos dos próximos jogos?
Queremos mundos bonitos, claro. Mas queremos principalmente experiências memoráveis, que coloquem o jogador no centro da ação. Não adianta ter o rosto mais detalhado da história dos games se o personagem for apenas uma marionete de um enredo engessado.
É hora de repensar as prioridades da indústria. Precisamos de mais jogos com coração, alma e jogabilidade — e menos vitrines gráficas que esquecem o jogador no banco de trás.